Ren “Tony” Lin está de volta. O banimento foi real?
Em outubro, Ren Lin recebeu o que a GGPoker e a World Series of Poker chamaram de uma “suspensão por tempo indeterminado”.
Na época, pareceu uma demonstração razoável de força, depois que o embaixador da GG Network foi flagrado fazendo ghosting.
A “ação decisiva” foi explicada no comunicado da GG:
“Ren ‘Tony’ Lin: suspenso indefinidamente da GGPoker, WSOP e de todas as plataformas parceiras.”
Daniel Negreanu considerou a medida forte, e as consequências “firmes e severas”.
Bem forte, na minha opinião.
Embora isso fosse o que a maioria descreveria como uma infração menor, as consequências foram firmes e severas.
Foi algo tratado de forma minuciosa e não encarado com leviandade.
“Não tão fortes assim”, apontou Alex Duvall em 11 de dezembro, “considerando que o ‘banimento indefinido’ significou apenas algumas semanas?
E Ren Lin já foi recebido de volta no evento seguinte da WSOP que está acontecendo agora, sem qualquer explicação da GG.”
Isso mesmo. Quarenta e nove dias após o banimento, Lin estava de volta ao field no WSOP Paradise, mostrando que a marca World Series está em um clima bastante indulgente.
Ele fez ITM no WSOP Circuit Mystery Bounty, terminou em 11º lugar no Triton $125K, ganhando $254.000, e depois entrou no $25K Super Main. Nenhum anúncio, explicação ou esclarecimento por parte da WSOP ou da GGPoker.
Vamos ser claros sobre a trapaça de Ren Lin: este não foi um caso de área cinzenta ou algo do tipo “talvez tenha acontecido, talvez não”.
Durante a mesa final do GGMillion$ em 14 de outubro, “RealOA” estava compartilhando a tela com Ren Lin em tempo real. Na prática, ele estava recebendo aconselhamento estratégico durante uma mesa final ao vivo. Isso é uma violação clara e direta das regras do poker online.
RealOA foi banido permanentemente. Lin foi suspenso indefinidamente da GGPoker, WSOP e plataformas parceiras.
Depois disso, Lin pediu desculpas publicamente em um longo comunicado. Disse que estava envergonhado e que não havia lucrado com a situação.
Você pode ver a declaração completa aqui:
Eu sou Tony Lin. Venho, por meio desta, expressar minhas mais sinceras desculpas a todos os jogadores afetados pelo incidente de coaching durante a mesa final do GG10300, bem como à plataforma e aos amigos que sempre me apoiaram.
Preciso declarar inequivocamente que não obtive nenhum tipo de lucro com este incidente. Não tive participação em nenhum buy-in de jogador, não recebi pagamento nem derivei qualquer benefício. Minhas ações foram uma reação instintiva em um contexto inapropriado — que contradiz os princípios de competição justa que sempre defendi.
No dia do incidente, eu estava participando de um evento da WSOP no Chipre. Durante um intervalo de dez minutos, cliquei em um link do Tencent Meeting compartilhado por RealOA. Ao entrar, vi que ele estava jogando a mesa final do GG10300. Quando ele pediu minha opinião sobre uma mão, respondi instintivamente, oferecendo meu conselho pessoal apenas por querer ajudar um amigo. Toda a interação durou poucos minutos, após os quais saí da chamada e voltei ao meu torneio ao vivo.
Por ser a primeira vez que participava de uma sessão desse tipo, não percebi que isso era uma violação das regras naquele momento, confundindo com as discussões pós-torneio comuns em nossos grupos de chat.
Depois, soube em nosso grupo de poker que RealOA havia vencido o evento. Ele enviou um “red packet” de $100 em nosso grupo de 500 membros, me marcou e agradeceu pelos conselhos. Eu não aceitei o red packet. Só quando outro jogador, Yl3i, postou sobre seu terceiro lugar percebi que Buzzcut era o nick dele, e o parabenizei.
Após o término do meu torneio, refleti profundamente: se eu estivesse jogando online e descobrisse que meu oponente tinha um amigo dando conselhos, isso não seria trapaça?
No momento em que percebi a gravidade da situação, entrei em contato imediatamente com Buzzcut para pedir desculpas e explicar as circunstâncias. Sou grato por ter recebido a compreensão de Yl3i.
O princípio fundamental da minha comunidade de poker sempre foi claro: “Não toleramos má conduta, soft play ou qualquer forma de trapaça. Qualquer jogador que se envolva em tal comportamento será removido imediatamente.” Para mim, soft play ou trapaça é o mesmo que roubo — uma forma de crime.
Buzzcut faz parte desse grupo e conhece meu caráter. Ele disse que, se este incidente não tivesse ocorrido, sua percepção sobre mim permaneceria de respeito e boa vontade.
Embora o poker — especialmente na Ásia e, em particular, na China — ainda não seja amplamente aceito pelo público, acredito que, como jogador desta geração e administrador dessa comunidade, tenho tanto a responsabilidade quanto a confiança de servir de exemplo positivo.
Minha missão na última década tem sido ajudar pessoas fora do mundo do poker a entender que o Texas Hold’em não é um jogo em que os apostadores dependem apenas da sorte para lucrar. É, na verdade, um verdadeiro teste de habilidade e integridade — um esporte competitivo digno de participantes honrados.
Tendo passado por muitos períodos difíceis na vida, entendo profundamente o que significa lutar. Por isso, quando vejo amigos em necessidade, sinto uma vontade inconsciente de ajudar. Foi essa mentalidade — “por já ter tomado chuva, quero segurar o guarda-chuva para os outros” — que me levou a cometer esse grave erro e ultrapassar um limite competitivo claro.
Embora minhas intenções não fossem egoístas, cometi um erro e assumo total responsabilidade.
Após conversar com as partes envolvidas, RealOA devolveu a maior parte do prêmio ontem à noite, e eu vou cobrir o restante. O valor total foi entregue à plataforma para distribuição justa.
Como figura pública, sinto profunda vergonha e arrependimento por não ter correspondido aos padrões que defendo. Estou preparado para aceitar todas as penalidades e farei o possível para compensar os jogadores afetados neste evento.
Espero sinceramente que este incidente sirva como exemplo de advertência e peço a todos que se juntem a mim na defesa de um ambiente competitivo seguro e justo para o poker — tanto online quanto ao vivo.
A GGPoker confiscou $250.000 da conta de RealOA, e Lin pagou pessoalmente os $96.000 restantes para que a prize pool pudesse ser redistribuída.
É claro que isso demonstra responsabilidade. Demonstra cooperação. Mas, quando alguém comete um crime no mundo real, nem sempre basta pagar uma multa e retomar a vida normalmente.
Se devolver parte do dinheiro depois de trapacear é tudo o que é necessário, o que isso transmite a outros cheaters? A mensagem é clara: se você trapacear, for pego, devolver o dinheiro e, em pouco tempo, estará tudo bem novamente.
Isso faz a declaração sobre fair play no site da GG parecer… menos precisa.
Nosso compromisso com uma experiência de poker segura e justa
O poker é baseado em confiança. Você confia que seus oponentes estão jogando de forma justa, que seus ganhos estão seguros e que cada mão distribuída é realmente aleatória. Infelizmente, assim como no mundo real, agentes mal-intencionados às vezes tentam se aproveitar do sistema. É aí que entramos.
Em momentos como esse, os jogadores levam um choque de realidade e são lembrados de jogar em salas que são duras com trapaceiros, como a CoinPoker.
Por que o banimento de Ren Lin foi retirado tão rápido?
Banimentos indefinidos geralmente vêm acompanhados de silêncio, incerteza e longas ausências. Em vez disso, Lin voltou em menos de dois meses. Nenhum comunicado público de reintegração. Nenhuma explicação sobre condições. Nenhuma indicação do que mudou.
- A suspensão sempre foi pensada como temporária?
- Foi encurtada devido à cooperação?
- Teve influência do seu antigo status de embaixador?
- Teve influência de suas conexões dentro da GGPoker?
Neste momento, ninguém sabe. A GGPoker e a WSOP permanecem em silêncio sobre o assunto.
Uma coisa que Ren Lin tem em comum com outros casos é o fato de ser embaixador. Quando Ebony Kenney e Nacho Barbero foram flagrados usando RTA durante torneios online da Americas Cardroom, nenhum dos dois foi banido. Talvez a empresa patrocinadora não tenha considerado as violações tão graves. O caso de Ren Lin certamente foi.
Isso faz pensar: se um jogador como Ali Imsirovic fosse patrocinado pela GGPoker, ele também teria sido reintegrado algum dia?
O triste é que a maior parte da base de jogadores da GG provavelmente não vai se importar com essa história depois de algum tempo. Ela vai desaparecer da nossa memória coletiva — até que Ren Lin vença um grande evento ou até que outro escândalo aconteça.
