Última década de campeões do Main Event da WSOP: de McKeehen a Tamayo

A vitória de Michael Mizrachi ainda está fresca em nossas memórias, mas como foi o Main Event da WSOP nos últimos 10 anos. Relembramos tudo para vocês.

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Michael Mizrachi faz história na WSOP 2025: vitória no Main Event e entrada imediata no Hall da Fama do Poker

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Americano domina mesa final do Evento Principal da World Series of Poker 2025, conquista o prêmio de $10 milhões, e recebe indução inédita ao Hall da Fama do Poker logo após o título.

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2015 – Joe McKeehen ($7.683.346 pelo 1º lugar – 6.420 participantes)

Talvez a vitória mais convincente da história dos grandes torneios. No início da mesa final, Joe detinha um terço de todas as fichas do torneio e o dobro do stack do segundo colocado. Na mesa final, ele eliminou cinco adversários.

McKeehen também teve um bom desempenho no pré-final, o que determinou em grande parte o seu sucesso.

Na 14ª colocação, ele eliminou Justin "Stealthmunk" Schwartz.

Turyansky pensou por um longo tempo e deu fold, Schwartz foi eliminado, e McKeehen ficou com um stack de 38 milhões (20% de todas as fichas naquele momento) com os blinds em 240.000.

De acordo com o HendonMob, Justin Schwartz não teve nenhum ITM (In The Money) desde 2016. A lenda do fórum 2+2 já enfrentava problemas de saúde mental antes, e depois dessa queda sua vida desandou. Em 2016, foi banido de todos os cassinos da rede Caesars. Dizem que durante uma etapa do WSOP Circuit, vizinhos reclamaram do barulho vindo do quarto de hotel. Quando a segurança chegou, encontrou Schwartz e seus amigos, um deles com um bong. Segundo rumores, Schwartz tem vivido como sem-teto e se tornou alcoólatra nos últimos anos. A última informação pública sobre ele foi sua prisão pela polícia de Las Vegas no verão de 2023 por estar em território de cassino apesar da proibição.

Outra mão memorável daquele torneio foi a eliminação de Daniel Negreanu na 11ª colocação. Ele também foi eliminado por McKeehen.

Joe continua jogando poker ao vivo com sucesso, principalmente nos Estados Unidos.

Reveja a mesa final:

2016 – Quí Nguyễn ($8.005.310 pelo 1º lugar – 6.737 participantes)

O mestre do street poker ficou marcado pela completa imprevisibilidade de suas ações.

"Será que ele tem lentes nos óculos?" – espantou-se Patrick Leonard durante o Main Event. "Ele pode dar call com 5-2o no big blind e depois foldar 9-8. Abre com 7-4, mas dá fold em T-9s. Dá 4-bet no flop quando os adversários não têm nada e blefa com facilidade com 2 ou 3 barris."

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Na mesa final, Quí Nguyễn manteve seu estilo ousado.

No 5-handed, ele aplicou um 4-bet shove com par de quatros e Cliff Josephy desistiu.

No 3-handed, fez 4-bet com e pagou o all-in de Josephy.

“Eu decidi tentar a sorte”, justificou ele aos fãs sobre sua linha de jogo.

Cliff dobrou seu stack nessa mão, mas acabou eliminado em 3º lugar. Pouco depois, perdeu um set over set contra Gordon Vayo.

O heads-up entre Nguyễn e Vayo durou quase oito horas. Em uma das mãos mais emocionantes, Quí apostou em todas as streets e terminou dando all-in no river, forçando Gordon a foldar a melhor mão.

Michael Ruane terminou em 4º lugar e, no ano seguinte, seria o bolha da mesa final do Main Event.

Kenny Hallaert, quarto colocado deste ano, caiu em 6º lugar.

2017 – Scott Blumstein ($8.150.000 pelo 1º lugar – 7.221 participantes)

Scott Blumstein perdeu toda a série, foi a Las Vegas apenas para o Main Event — e saiu de lá com um bracelete. Após a vitória, nunca se tornou um grinder. Seu melhor resultado ao vivo depois do título foi um 6º lugar em um torneio da série Poker Masters, que lhe rendeu $58.000.

Scott chegou à mesa final como chip leader e jogou com extrema cautela.

Chegou a perder a liderança para o favorito do público, John Hesp, no início do dia. Mas logo depois recebeu um top set contra dois pares, em uma mão que praticamente definiu o torneio.

No 7-handed, Scott já acumulava quase metade das fichas em jogo e nunca mais perdeu a liderança.

John Hesp terminou em 4º lugar. O finalista de 2009, Antoine Saout, foi eliminado na 5ª colocação.

O argentino Damian Salas terminou em 7º — alguns anos depois, venceria o “Main Event da Covid”.

Ben Lamb ficou com o 9º lugar, em sua segunda mesa final de Main Event em poucos anos — em 2011 ele havia terminado em 3º, atrás de Pius Heinz e Martin Staszko.

2018 – John Cynn ($8.800.000 pelo 1º lugar – 7.874 participantes)

John Cynn terminou na 11ª colocação do Main Event em 2016. Em 2018, chegou à mesa final como o quarto maior stack e ficou no meio do pelotão quase até o fim. Michael Dyer e Tony Miles dominaram boa parte da mesa final.

Depois da eliminação do campeão mundial de 2009, Joe Cada, na 5ª colocação, foram necessárias mais 119 mãos até a próxima queda. Em 4º lugar, Cynn eliminou Nick Manion ( > ) e assumiu a vice-liderança. Dyer, que chegou a ter 180 milhões em fichas, terminou o dia com apenas 26 milhões e foi eliminado logo na manhã seguinte.

O heads-up durou 10 horas e meia. Os jogadores começaram com stacks praticamente iguais e, na mão final, ainda não havia um líder claro.

Miles deu shove no turn sem nenhuma equity, e Cynn pagou com lentidão, quase como um slowroll.

2019 – Hossein Ensan ($10.000.000 pelo 1º lugar – 8.569 participantes)

Hossein Ensan assumiu a liderança em fichas quando restavam 20 jogadores e só perdeu o posto de forma pontual a partir dali.

Com cinco jogadores restantes e os blinds em 400k/800k, Ensan enfrentou Timothy Su em um pote de mais de 117 milhões de fichas.

Depois dessa mão, Hossein acumulava mais fichas do que todos os outros jogadores somados.

No dia final, Hossein começou o jogo com 163 big blinds, enfrentando dois dos oponentes mais fortes da mesa final: Alex Livingston (60BB) e Dario Sammartino (33BB).

Apesar da enorme vantagem, não foi uma caminhada fácil. No 3-handed, todos os jogadores chegaram a liderar o torneio em algum momento, e a disputa durou 9 horas. Mas foi Hossein quem conseguiu eliminar ambos os adversários.

Uma situação polêmica aconteceu quando restavam 11 jogadores no torneio.

Com os blinds em 400k/800k, Sammartino abriu para 1,7 milhão, e Nick Marchington deu all-in de 22,2 milhões com par de damas. Dario pediu contagem. A dealer informou que Nick tinha 17,2 milhões.

Dario perguntou de novo e decidiu pagar.

Nesse momento, os jogadores ao redor perceberam que o stack de Marchington era claramente maior.

Começou então uma longa disputa com os diretores da WSOP, durante a qual Jack Effel proferiu a famosa frase: "Se você pagaria 17 milhões, pagaria 22 também."

“Os range de calls contra stacks de 20BB e 30BB são completamente diferentes”, explicou Dario meses depois em entrevista. “Ainda não sei se teria dado call ou não, mas sei com certeza que isso pode ter influenciado minha decisão. Com certeza eu não teria pagado em 30 segundos. Depois desse episódio, joguei muito tight, não assumi riscos. Não conseguia focar no poker 100%, nem 50%. Fiquei com a cabeça em outro lugar. Passei a jogar apenas seguindo o mapa, esperando chegar em 9 jogadores para poder recarregar a energia antes da mesa final.”

A frase de Effel virou meme no poker.

“Gostaria que o Effel dissesse ao Kassouf: ‘Se você pagaria em 4 minutos, pagaria em 10 segundos’”, escreveu Ray Henson no meio da guerra entre William Kassouf e a direção da WSOP no Main Event daquele ano.

2020 – Damian Salas ($1.550.969 + $1.000.000 pelo 1º lugar – 1.379 entradas)

Durante o ano da Covid, o Main Event foi realizado online, em paralelo, por duas plataformas.

Os americanos jogaram no WSOP.com, enquanto o restante do mundo participou pelo GGPoker. As mesas finais aconteceram ao vivo — em Rozvadov e Las Vegas. Depois, os vencedores de cada lado se enfrentaram em um heads-up valendo um prêmio extra de $1 milhão. Damian Salas superou Joseph Ebert e ficou com o título.

Um dos finalistas da parte americana, Upeshka De Silva, não pôde jogar devido a um teste positivo de COVID e recebeu automaticamente o prêmio de 9º lugar. O brasileiro Bruno Botteon ficou em segundo lugar.

2021 – Koray Aldemir ($8.000.000 pelo 1º lugar – 6.650 entradas)

Koray Aldemir chegou à mesa final como um dos regulares mais experientes e respeitados do mundo. Foi um dos raros casos em que o campeão de um Main Event faturou menos ($8 milhões) do que já havia acumulado em torneios anteriores na carreira (mais de $14 milhões).

Aldemir figurava entre os líderes já no top 100 e entrou na mesa final com 175 big blinds. O segundo colocado, George Holmes, tinha 105.

Mas ficou claro que Koray seria difícil de parar quando eliminou Alejandro "Papo MC" Lococo na 7ª colocação. Eles iniciaram a mão como os dois maiores stacks, e o rapper argentino pagou um 3-bet e deu call em todas as streets.

A mão final contra o amador Holmes foi amplamente analisada por especialistas em GTO.

2022 – Espen Jørstad ($10.000.000 pelo 1º lugar – 8.663 entradas)

Apesar de um início difícil — Espen Jørstad terminou o Dia 1 com apenas 18.000 fichas — ele chegou à mesa final como chip leader.

O primeiro dia da FT terminou quando restavam 3 jogadores. Espen eliminou Matija Dobrich (5º) e John Eames (4º), e avançou com 99 big blinds. O australiano Adrian Attenborough tinha 50, e Michael Dweck, 23.

O dia final foi muito rápido. Dweck foi eliminado quase imediatamente, e o heads-up, mesmo começando com stacks parelhos, durou apenas 17 mãos.

Na primeira mão, Espen deu all-in no river com top pair. Attenborough, com um par menor, pensou por 18 minutos antes de foldar.

Pouco depois, Adrian recuperou o equilíbrio ao dar call em um blefe de Espen.

Os stacks se igualaram, mas na mão final, Jørstad deu all-in no river novamente. Attenborough pensou com um par baixo e pagou — e viu um full house.

Esse heads-up impressionou bastante Vanessa Selbst na época.

Depois da mesa final, Alex Theologis causou burburinho ao afirmar que acreditava ter trocado 3% com Espen, mas não conseguiu confirmar.

Espen não jogou a WSOP do ano seguinte. Em vídeo recente, explicou que vive viajando há anos, e que terminou a reforma de seu apartamento pouco antes da série. Preferiu curtir a casa nova e não se arrependeu da decisão.

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2023 – Daniel Weinman ($12.100.000 pelo 1º lugar – 10.043 entradas)

O maior Main Event da história contou com uma das mãos mais marcantes ainda no top 14.

Daniel Weinman foi para um all-in triplo com a pior mão — mas acertou dois outs no turn e venceu todos.

Ele chegou à mesa final com o segundo maior stack, mas só jogou uma mão importante no primeiro dia: eliminou Ruslan Pridrik (5º), da Ucrânia.

No dia final, Weinman, Adam Walton e Stephen Jones estavam empatados, com cerca de 100 big blinds cada. A expectativa era de longa batalha, mas logo no início, Walton deu all-in com 84 blinds segurando , e Weinman acordou com ases.

No heads-up, Daniel não deu chances ao adversário e confirmou a vitória rapidamente.

Após o título, Weinman praticamente abandonou o poker e passou a se dedicar ao seu startup, a RF Labs, fundada com amigos. A empresa desenvolve sistemas de RFID para poker, xadrez, sinuca e outros jogos.

2024 – Jonathan Tamayo ($10.000.000 pelo 1º lugar – 10.112 entradas)

O futuro campeão quase foi eliminado no Dia 4, quando foi all-in com menos de 10 big blinds com contra , e acertou um ás. Um jogador havia foldado e o outro .

Jonathan Tamayo começou a mesa final em penúltimo, com apenas 17 big blinds. Ficou na defensiva enquanto outros jogadores se enfrentavam, até conseguir sua primeira dobra com contra do chip leader Jordan Griff.

Depois, ficou short novamente e se salvou com contra do mesmo Griff — o river trouxe um nove salvador.

Com seis jogadores restantes, dobrou contra o favorito geral Niklas Astedt com versus em um flop .

Na 5ª colocação, Tamayo eliminou Boris Angelov ( > ) e se aproximou dos líderes. No dia final, Tamayo, Griff e Östedt começaram com stacks parecidos, em torno de 70 big blinds.

Griff eliminou Lena900 (Niklas Astedt) em 3º lugar.

Tamayo iniciou o heads-up em desvantagem, mas conseguiu virar e conquistar o título.

Depois do torneio, surgiu um escândalo: torcedores de Tamayo — liderados por Dominik Nitsche — estariam usando solvers nas arquibancadas e dando dicas a ele durante a partida.

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