Por enquanto, segure suas opiniões sobre os vilões do poker. Eles podem mexer com você e enfurecer seus oponentes, mas acrescentam algo ao nosso amado jogo.
Existe um equilíbrio necessário. Os vilões do poker de hoje nem sempre entendem isso direito e muitas vezes caem no lado errado da opinião pública. A linha entre divertido e inaceitável é extremamente fina.
Mas nós precisamos de vilões no poker, talvez mais do que você imagina. Claro, estamos falando de vilões no sentido de entretenimento, não de vilões que trapaceiam no poker. Jogadores como Ali Isrimovic e Mike Postle não trazem nenhuma qualidade redentora para o nosso esporte.
Motivo 1: o poker ao vivo está ficando entediante
Durante o boom de 2003, e por algum tempo depois, o poker viveu seus dias de glória. As mesas eram compostas por amadores e regulares estoicos, mas havia um equilíbrio.
Hoje em dia, ligar a transmissão de um torneio ao vivo pode induzir à narcolepsia alguém que não seja fã de poker. Jogadores sem expressão encaram o vazio, esperando meticulosamente um tempo pré-determinado antes de agir. Espectadores azarados podem ligar a TV justamente quando Christoph Vogelsang está jogando (rosto coberto, óculos espelhados) e correm o risco de entrar em coma induzido por poker.
Mesmo na World Series of Poker, as únicas partes realmente empolgantes parecem ser os all-ins na mesa final. Entre esses momentos, a mesa fica em silêncio, os rostos dos jogadores estão neutros e a ação é dolorosamente lenta. Os comentaristas fazem um trabalho enorme para manter tudo envolvente.
Isso pode mexer com as engrenagens na cabeça de jogadores experientes, mas esse não é o público que fez o poker explodir em popularidade. Pessoas comuns, como o dono da vendinha da esquina, o garçom do seu restaurante favorito, o entregador dos Correios — será que eles estão se divertindo?
Se não estiverem, é uma péssima notícia para o futuro do poker.
Como os vilões do poker podem ajudar aqui?
Obviamente, os vilões do poker são o oposto de robôs GTO e regs obcecados por estratégia. Eles não se importam em usar moletons que escondem tudo, e não ficam dois minutos para tomar uma decisão pré-flop. Amando ou odiando, são eles que dão vida ao poker ao vivo.
Para que o jogador médio crie uma conexão com o nosso esporte, ele precisa ver vida nas mesas. Caso contrário, qual é a impressão que ele terá do jogo?
Sem vilões, as mesas de poker parecem assustadoras, chatas e intensamente estratégicas. Esses definitivamente não são os elementos que vão atrair novos jogadores.
Motivo 2: anti-heróis criam narrativa
Se Martin Kabrhel engatasse uma sequência de vitórias em 2025, isso não significaria tanto se ele não fosse tão polêmico. Vencer é sempre espetacular, mas ganha muito mais peso quando alguém como Martin está erguendo os troféus.
Até alguém como Will Kassouf (uma figura bem menos querida) bagunça as coisas na direção certa. Mesmo tendo feito muitas coisas questionáveis e sido extremamente rude com os oponentes às vezes, pensemos no efeito dele. Sem os momentos que ele cria, você teria assistido àquele torneio de uma década atrás, ou à WSOP deste ano quando ele foi retirado?
Esses incidentes, independentemente de estarem certos ou errados, criam destaques que continuam chamando atenção anos depois. Milhões de visualizações, milhões de olhos voltados para o poker, e partidas que teriam passado despercebidas sem eles.
Todos nós lembramos dos momentos de Will Kassouf contra Griffin Benger. Depois, no ESPN SportsCenter, um correspondente disse: “Se o poker fosse assim o tempo todo, eu assistiria poker o tempo todo”.
Sem Kassouf, é apenas um cooler clássico de contra . Com ele, é um clássico atemporal que marcou a memória do mundo do poker.
Como os vilões do poker podem ajudar aqui?
Sem os momentos de mudança de narrativa criados por nossos vilões, de quantos momentos do poker ao vivo vamos nos lembrar? Grandes personalidades como Negreanu ou Isildur sempre vão chamar atenção, mesmo muito tempo no futuro.
Mas isso é só um lado da moeda, e heróis precisam de anti-heróis. Os jogos, assim como a vida, precisam do clássico conflito entre o bem e o mal. Isso atrai mais espectadores, e isso é ótimo para o nosso jogo a longo prazo.
O público médio não liga a TV para ver os melhores pros encarando o vazio e contando fichas lentamente. O público médio liga para ver personalidades, o inesperado e narrativas envolventes — e os vilões do poker trazem todos esses elementos.
Motivo 3: vilões mudam a dinâmica da mesa
Os espectadores enxergam os vilões de um jeito, mas e os colegas de mesa? Ter um jogador famoso como Kabrhel na mão muda tudo, fazendo com que os outros paguem mais leve e, em geral, fiquem abalados. Em um torneio recente, um jogador chegou a abrir a mão virada para cima antes da hora, dando a Martin uma estrada pavimentada para a decisão correta (e para o seu 5º bracelete da WSOP).
O poker não precisa sempre de um vilão para ser um jogo maluco. Mesmo sem eles, veríamos calls inacreditáveis, blefes corajosos e erros de cair o queixo. No entanto, eles fazem com que essas coisas aconteçam com mais frequência. Por isso, temos que tirar o chapéu para eles.
👍 Como os vilões do poker podem ajudar aqui
O poker precisa de vilões para chacoalhar a ação? Nem sempre. Mesmo online, sem rostos ou palavras, esse jogo oferece emoções de sobra. O Cash Game World Championships e os eventos Online da WSOP são exemplos perfeitos.
Mas no poker ao vivo, os vilões podem quebrar o ritmo das partidas. Eles são a carta fora do baralho, aquele que outros mal podem esperar para empilhar.
Quando os vilões do poker passam dos limites?
Na maioria das vezes, quando falamos de vilões, é no sentido teatral. Geralmente é alguém que faz o papel de “cara mau”, mas não trapaceia. Idealmente, eles permanecem dentro das regras (na maior parte do tempo).
Mas às vezes, vilões de verdade entram em cena. Essas figuras são os vilões reais, que não estão tentando entreter, e sim se enriquecer.
Aqui estão 5 exemplos em que vilões do poker vão longe demais:
- Trapaça: ações que tornam o poker injusto são sempre inaceitáveis. Trapacear instantaneamente torna o jogador detestável para o público e para os colegas, se houver provas. Depois de evidências suficientes, o trapaceiro é permanentemente carimbado como persona non grata. Jogadores como Mike Postle e Ali Imsirovic lideram até a “tier list de trapaceiros” de Doug Polk e provavelmente nunca vão se livrar da imagem de desonrados.
- Angle shooting sério: fingir ou representar para obter informação ou forçar alguém a fazer algo é angle shooting. Uma vez ou outra, entre amigos, um angle shoot pode até ser motivo de risada. Mas jogadores que fazem isso o tempo todo, em grandes torneios ou entre desconhecidos, são sempre mal vistos. Essas encenações podem custar muito dinheiro aos outros, como esse possível angle shoot no European Poker Tour.
- Falas grosseiras na mesa: a comunidade do poker tolera um certo nível de conversa “afiada” na mesa, mas não quando ela se torna maldosa ou sem fundamento. Por exemplo, dizer algo desagradável depois de uma mão tiltante pode ser esquecido rapidamente. Já alguém que é constantemente rude com os oponentes nunca é bem-vindo.
- Quebrar regras com frequência: deslizes acontecem, e regras são quebradas sem querer, mas alguns jogadores podem fazer isso para ganhar vantagem. Muitas vezes, quebrar regras é uma forma de angle shooting ou trapaça. Mas lapsos menos graves, como agir fora de turno, se afastar demais da mesa e falar durante pots multiway, também podem tornar um jogador odiado.
- Crimes contra a comunidade do poker: algumas pessoas viram vilões do poker não pelo que fizeram nas mesas, mas pelo que fizeram com a comunidade. Depois de usar mal os fundos da Full Tilt e administrar a empresa de forma criminosa, Howard Lederer e Chris Ferguson saíram com meros tapas no pulso. Jogadores perderam tudo na Black Friday, até que a PokerStars heroicamente veio salvá-los depois. Até hoje, eles são facilmente duas das figuras mais desprezadas da indústria.
Agora vamos dar uma olhada em alguns dos vilões de poker mais conhecidos em 2025, entrando em 2026.
Quem são os vilões de poker mais conhecidos agora?
Quem está fazendo “melhor” esse papel hoje em dia, e quais vilões permanecem na mente das pessoas muito depois de as partidas terminarem?
Martin Kabrhel
Se você acompanha o cenário nos últimos anos, não tem como o nome Martin Kabrhel ser novidade. Slow roll, tankar demais e etiqueta questionável são praticamente padrão com esse jogador.
Esse tcheco vem mexendo com os nervos e com a cabeça de muitos oponentes há alguns anos. Ele nem sempre sai bem na opinião pública, mas, recentemente, seu arco vem mudando de “odiado” para “amado”. Parte do motivo é que Martin é claramente muito talentoso, embora tenha chegado bem perto de afundar sua reputação várias vezes.
Em 2023, pareceu que ele estava marcando cartas em um dos torneios mais caros da WSOP. Mas quando Doug Polk o entrevistou sobre o escândalo, Martin saiu por cima. A explicação dele foi bem recebida por muitos, embora o dono de uma fabricante de cartas tenha dito que o comportamento era compatível com marcação. Mas hoje em dia, esse escândalo não é o que define Martin.
Em uma enquete da PokerGO:
- 46% dos votantes disseram “ele me diverte”
- 39% dos votantes disseram “ele é irritante”
- 10% dos votantes disseram “ele cria um ambiente hostil nos High Rollers”
Embora muita gente esteja pronta para chamar Kabrhel de jogador mais irritante do planeta, ele mantém muitos olhos voltados para o poker ao vivo.
Will Kassouf
Alguns vilões do poker jogam tempo suficiente para se tornarem heróis. Outros passam dos limites e acabam praticamente unanimemente detestados.
Desde as primeiras aparições de Will Kassouf no mundo do poker, ficou claro que ele não estava ali para fazer amigos e conversar sobre o tempo. A boca dele se movia a mil por hora, e parecia que ele estava decidido a irritar seus oponentes, não importando quão “abaixo da cintura” fossem seus métodos.
Um dos confrontos mais memoráveis aconteceu em 2016, entre Will e um jogador chamado Griffin Benger. Will tinha , Benger tinha . Depois de uma grande 4-bet, Kassouf pressionou o oponente agressivamente por dois minutos até chamarem o relógio. Benger disse a Will que ele estava sendo abusivo e precisava “check your privilege” (EDIT: seria quase "um cale a boca, você não tem lugar de fala", e eventualmente Will foi all-in. O bordo não ajudou seu par a melhorar.
Ele já não era querido naquela época, mas tudo ficou bem pior em 2024. Durante o Main Event da WSOP, insultos, xingamentos, atrasos e um mau espírito esportivo geral surgiram em um nível nunca antes visto. Quando ele foi eliminado do evento, seus colegas de mesa começaram a cantar “Na Na Na Na Hey Hey-ey Goodbye” e acenaram felizes enquanto ele saía. Em seguida, Will Kassouf ouviu dos diretores de torneio que “não haveria mais eventos” para ele, e foi escoltado para fora do local.
Parece que Will já não consegue ver onde termina o entretenimento e começa a alienação.
Nik Airball (Nikhil Arcot)
“Action” e “irritante” são duas descrições que servem bem para Nik Airball. Ele apareceu em 2022 no Hustler Casino Live e foi inesquecível por uma série de motivos nada bons.
Poucas coisas frustram mais os espectadores do que um jogador com um bankroll aparentemente sem fundo, habilidades medianas de poker e incapacidade total de ficar calado. Algo no fato de poder recomprar infinitamente e se sentar nos maiores jogos também incomoda alguns espectadores.
Nik talvez também detenha o recorde do tank mais longo da história do poker ao vivo. Com na mão e a menor sequência possível no bordo, ele pensou por uma eternidade de 22 minutos. Felizmente, seu oponente tinha um sofá por perto para usar.
Eventualmente, Doug Poker entrou na sala e avisou que a transmissão estava quase alcançando a ação ao vivo, de tanto que Nik já tinha pensado. Ele foldou 60 segundos depois e pediu desculpas.
Resumindo, de forma simples, Nik Airball provavelmente é visto como vilão do poker porque é, às vezes, desagradável, não é reservado como outros jogadores e interpreta bem demais o papel de “baleia”. Apesar dessas características, ele está chamando atenção para os cash games de poker ao vivo e até assinou recentemente com o CoinPoker.
