O inglês Chris Moorman é uma das maiores lendas do poker. Ele escreveu um dos melhores livros de poker já produzidos, o Moorman's Book of Poker: Improve your poker game with Moorman1, the most successful online poker tournament player in history, em tradução livre, seria algo como O Livro de Poker de Moorman: Melhor seu jogo com Moorman1, o jogador de poker online mais vitorioso da história.
O título do livro diz respeito a ele ser primeiro jogador a ultrapassar a barreirar de $15.000.000 em ganhos. Ao vivo, ele faturou mais d $6.000.000, possui um título do World Poker Tour (WPT), um vice-campeonato no Main Event da World Series of Poker Europa e um bracelete da WSOP, conquistado em 2017. E hoje vamos relembrar uma mão jogada por ele, contra Tom Middleton, nesse título histórico.
O cenário
O torneio em questão é o Evento #27 da WSOP 2017: $3,000 No-Limit Hold’em 6-Max. Moorman acabou sendo campeão ao derrotar o brasileiro Bernardo “bedias” Dias no heads-up, mas uma mão, quando restavam pouco menos que 100 jogadores, quase colocou tudo a perder. Seu adversário foi Tom Middleton, amigo e compatriota, e os dois conceitos principais abordados são o meta-game e o tamanho de aposta.
Blinds
1.200/2.400 com antes de 400
Stacks
Chris Moorman – 270.000 fichas (113 bbs)
Tom Middleton – 141.000 fichas ( 56 bbs)
Ação
Tom Middleton aumenta para 6.000 do UTG.
Moorman faz tudo 21.000 do big blind (BB) com . Tom paga.
Análise de Chris Moorman
Levando em consideração o estágio do torneio, Tom fez um raise um pouco mais alto que o padrão (2,5x). Contra esse tamanho de aposta, eu tendo a defender o BB com menos frequência. Em contrapartida, eu vou fazer uma 3-bet mais vezes, já que minhas odds são piores contra um raise desse tamanho do que contra o mini-raise padrão, que o resto da mesa vinha fazendo. Além de fazer uma 3-bet com , , , , e eu posso blefar alguns suited connectors mais baixos, o que me permite realizar a equidade pós-flop até o river, o que dificilmente aconteceria se eu apenas pagasse. Claro, eu também tenho a opção de blefar em alguns bordos.
Já lhes adianto que ele pagou com . Acho ok, mas essa deve ser a pior mão do seu range para dar call nessa situação.
Flop:
Moorman aposta 16.000.
Análise de Chris Moorman
Um terço do pote é uma continuation-bet padrão. Tom sabe que eu vou apostar nesse flop com 100% do meu range do 3-bet, então espero que ele vá para o float com também quase 100% do seu range que não acertou nada, além do range de valor, claro.
Tom paga.
Turn: (pote: 77.200)
Moorman aposta 27.000.
Eu não preciso apostar muito aqui. A dobra do Cinco é muito boa para mim. A maioria das mãos que ele deu call não possuem muitos outs contra mim, a não ser que ele tenha uma mão bem específica, como um flush draw.
Middleton paga.
River:
Moorman vai all-in.
Tom paga e puxa um pote de 284.000.
Análise de Chris Moorman
Não acho que ele tenha muitos Reis em seu range, a não ser , e . E eu sei que eu iria all-in nesse river mesmo se tivesse uma mão como .
No entanto, pensando a mão depois, acho que cometi um erro no river. Como eu tenho pouquíssimo blefes em meu range, eu preciso proteger meu range de check. Essa é, na verdade, uma excelente mão para dar check-call no river, já que eu não tenho nenhuma carta bloqueando os flush draws de Tom.
O all-in por valor com não é tão bom, mas nesse caso, o resultado seria o mesmo. Porém, caso Tom tivesse , ele provavelmente iria all-in se eu pedisse mesa no river.
Indo all-in, eu espero que ele me pague com pouquíssimas mãos, como e , que são bluff catchers e que dariam check behind no river. Com dois flush draws na mesa, o número de combos que erraram o flush aumenta consideravelmente, assim, , sem nenhuma carta de espadas, se torna na mão perfeita para ser transformada em bluff catcher e dar check-call no river.
Moorman ainda se recuperou, venceo o torneio e levou quase $500.000, além do seu primeiro bracelete:
Seu compatriota Tom Middleton acabou ficando pelo meio do caminho. Eliminado na 39ª posição, ele levou para casa $9.665.
