Por que o solver joga assim e você não? 8 truques GTO não óbvios de Pete Clarke

Normalmente, nos micro stakes, os jogadores deixam passar uma série de ações que, teoricamente, são excelentes. E não é porque as linhas sejam super complexas — nada disso! O problema é que o field nem sabe que é possível jogar assim. E, se no seu arsenal também falta algo, depois deste vídeo ele certamente vai ficar mais completo com novos truques! Vamos lá:

1. 3-bets polares do BB contra o SB

Às vezes, você provavelmente já faz 3-bets polares: não só com mãos como , mas também com mãos simpáticas como 65s. Porém, existem mãos bem menos óbvias que também são lucrativas para 3-betar — por exemplo: J8o, K7o, A6o, J3s, T4s, e por aí vai.

Não estou dizendo que você deva copiar exatamente essa estratégia. Decorar as mãos e as frequências da tabela não vai magicamente aumentar seu bankroll. Mas é importante saber que os 3-bets do BB contra o SB, em limites como NL25, são super lucrativos, pois os oponentes simplesmente não sabem reagir bem a isso. No pós-flop, jogando fora de posição, eles vão cometer erros, e, além disso, farão 4-bets com pouca frequência.

No fim, você fica numa situação perfeita: pré-flop não há muito com o que se preocupar, e no pós-flop você consegue pressionar os oponentes. Mais ainda: você pode 3-betar com mais frequência e amplitude do que o próprio solver recomenda. Se recebeu um raise do SB e tem algo remotamente jogável no BB, pode atacar. Contra qualquer oponente que não seja especialista em 4-bets, essa será, de longe, a linha mais lucrativa.

Sabe como pensam os regs eternos de NL10 ou NL25 nesse spot? Eles sempre querem uma mão um pouco melhor para 3-betar: "se fosse suited", "se eu tivesse um blocker"… Em resumo, procuram uma mão com a qual se sintam mais confortáveis. Não faça isso! Se o solver já considera lucrativo 3-betar amplo contra outro solver (ou seja, sem vantagem de habilidade), contra humanos isso é ainda mais verdadeiro. Jogadores agressivos em posição imprimem dinheiro — o poker simplesmente funciona assim.

2. Raises não intuitivos contra c-bets

Vamos analisar esta simulação: raise do SB, call do BB, flop . Agora, vamos travar o SB para fazer range bet (c-betar com todo o range). Isso não é ideal, mas reflete a tendência do field: as pessoas apostam demais. E veja qual estratégia o solver escolhe:

17% de raises! Aposto que você encontra alguns raises com gutshots ( , ), mas isso é pouco. Por exemplo, T6s com backdoor também é uma excelente escolha. E não é porque o solver disse, mas sim porque seus oponentes não sabem responder bem.

Por isso, dá para raisear até mais do que 17% aqui. Um raise com J8s nesse flop pode tranquilamente ser sua linha padrão: seus adversários não vão defender mãos suficientes. Eles apostam o range todo sem pensar, e isso precisa ser punido. Em boards secos, é muito difícil defender um range bet, e o field falha nisso.

3. Segundos barris com baixa equidade

Button contra BB. Pequena c-bet no flop , call, turn . Essa é uma ótima carta para o range do button, e o BB provavelmente já largou muitos Qx no flop. Ou seja, esse é um spot super lucrativo para o agressor: enorme vantagem de nuts, podendo apostar até overbet de 150% do pote:

Existem blefes óbvios, como , com os quais você provavelmente sempre aposta (enquanto o solver mistura entre apostar e dar check). Mas há algo mais interessante: a máquina também barrela mãos quase sem equidade, como . Uma overcard, sem showdown value, sem bloquear o range de fold — perfeito para acelerar.

Nada de pensar: "quero um blefe com mais equidade". Aqui, o importante não é comparar mãos, mas comparar o EV das opções. Esse é um leak popular: muita gente constrói a estratégia de segundos barris apenas baseada na equidade. E isso gera blefes insuficientes.

4. Probe bets no turn podem ser overbets

Button contra BB, mesmo flop , ambos dão check, turn . O GTO Wizard AI considera que o melhor sizing para probe bet (ou seja, aposta do jogador fora de posição quando o agressor não c-betou) é… 3x o pote! E isso com quase 25% do range:

O BB tem vantagem de nuts, então o solver quer inflar o pote rápido com as mãos mais fortes — e, claro, mistura blefes também. , , flush draws — ok, tudo esperado. Mas há mais: é preciso incluir e nesse range de apostas.

Não estou dizendo que você deve sempre apostar 3x o pote aqui, mas, se procura um spot para introduzir overbets no seu jogo, este é perfeito. Ao construir o range de apostas em torno das mãos fortes, pode aumentar o sizing sem medo.

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5. Check-raises gigantes contra delayed c-bets

Vamos manter o mesmo board, , mas agora vamos dar check no BB tanto no flop quanto no turn. O button faz uma delayed c-bet de 75% do pote (um sizing normal quando não há vantagem clara de nuts, mas existe vantagem de range). Porém, o BB ainda pode ter nuts slowplayados — incluindo o straight:

O solver não economiza no sizing do check-raise: 20.7BB em resposta a uma aposta de 3BB! Isso porque é preciso inflar o pote rapidamente. Perceba que a máquina faz isso raramente, construindo o range de check-raise (tanto por valor quanto em blefe) apenas em torno das mãos mais fortes: straights, dois pares, combo-draws e par + draw.

Ter esse movimento no arsenal é muito útil. Há spots em que parte do seu range “grita” por um pote maior, e, nesses casos, um check-raise massivo é a jogada correta.

6. Donkbets no turn

Agora, imagine que, nesse mesmo spot e flop , o button apostou e o BB pagou. Se o turn for uma carta emparelhada, como o , o solver no BB lidera em 27.7% dos casos:

Aproveite isso! É uma excelente forma de sinalizar para o oponente que você entende de “solverland”. Mas, falando sério, repare como o solver constrói o range desses donkbets: não são só mãos com 8x e blefes. Ele retoma a iniciativa na mão, baseado na vantagem de equidade, inflando o pote e impedindo o adversário de dar check behind (o que ele faria frequentemente).

O solver inclui top pairs, draws e floats, como , no range de apostas.

Se der check aqui, em teoria, o button poderia barrelar cerca de 40% das vezes:

Mas, na prática, isso não acontece: talvez apenas 25%, e com forte viés para valor. Portanto, o exploit aqui é liderar você mesmo nos turns emparelhados com um range misto.

7. Check-raises no river

Este é um movimento que quase nunca vemos nos micro stakes, justamente porque é contraintuitivo.

Button contra BB, c-bet no flop , check-check no turn , river .

O que fazer no BB com um flush? O pote está pequeno; se você fizer uma overbet, quase sempre vai ver um fold. Por isso, o solver prefere check-raise!

Os candidatos perfeitos são mãos como ou . Ter o na mão ajuda bastante, já que o adversário com o muitas vezes daria check behind. O check-raise é a melhor maneira de extrair mais valor fora de posição. Se você simplesmente apostar com vai receber calls raramente, pois muitos flushes piores, como , são bloqueados. Mas, se der check, o adversário pode apostar — tanto por valor (com mãos piores que o flush) quanto em blefe.

Contra jogadores muito passivos, pode fazer sentido apostar direto, mas, de modo geral, o check-raise é mais eficiente.

8. Overbets gigantes no river

Button contra BB. Dois barris já foram aplicados (incluindo overbet no turn) no board , river .

Neste ponto, estamos máximamente polarizados e não apostamos por valor com nada pior que dois pares. O solver aqui alterna quase que exclusivamente entre shove e check. As únicas exceções são 87s, 75s (fortes demais para dar check, mas não o suficiente para shovar) e K2s. Todas as outras melhores mãos, como K7s, devem shovar sem medo.

O importante é não cair na armadilha do medo — nem com nuts, nem com blefes. A psicologia humana nos faz pensar sempre no pior cenário:

• Com , muitos não querem shovar por medo de “não extrair valor suficiente”.
• Com , muitos têm medo de shovar porque podem ser pagos.

Isso cria um paradoxo mental: dois medos opostos, dependendo da mão.

Não caia nessa armadilha. Baseie-se na teoria, não nas emoções. Se você chega ao river sem showdown value, é fundamental shovar pelo menos parte do tempo. Use um randomizador, se necessário, para se sentir mais confortável, mas o essencial é arriscar quando o spot justifica — especialmente contra um field que folda demais.

Boa sorte!

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