– Alguma atualização sobre a segunda temporada de Game of Gold?
– Infelizmente, não vejo isso acontecendo, mas vai saber, pode mudar. Eu achei o conteúdo excelente.
– Daniel, você acha que o “Big Beautiful Bill act” vai arruinar os torneios ao vivo (nos EUA), com o limite de 90% para dedução de perdas?
– Acho que essa parte será revogada. Se tivesse que adivinhar, diria que há uns 72% de chance de isso acontecer, já que ambos os lados concordam que é algo realmente estúpido e injusto. E sei, com certeza, que o cara no topo acha isso estúpido e injusto também.
– Eu fiquei hospedado ao lado da sua suíte no Kings Casino, em Rozvadov, na República Tcheca. Você realmente fica nessa suíte quando está lá? Desculpe, mas toquei na maçaneta para dar sorte. Esqueci de fazer isso no último dia e perdi 3/4 do meu stack com contra , com dois reis no flop…
– Haha! Eu fiquei lá por uma noite, mas depois mudamos de quarto porque a Amanda odeia cheiro de cigarro e alguém no quarto ao lado devia ser fumante compulsivo, haha.

– O que aconteceu com a “seita” ChoiceCenter?
Nota do editor: há cerca de 10 anos, Daniel promovia ativamente essa organização. No próprio site, ele escreveu:
Minha experiência no ChoiceCenter foi incrível e os resultados que consegui criar na minha vida foram a realização de coisas com as quais só sonhava. E não estou falando apenas sobre os prêmios de Player of the Year no poker. Estou fisicamente mais forte do que nunca, na melhor forma da minha vida. Meus relacionamentos com amigos e família são mais fortes e profundos do que jamais foram. Tenho uma visão clara para minha vida e para o mundo. Entendo que posso fazer a diferença para as pessoas e vejo isso como uma vida que vale a pena ser vivida. Fazer a diferença. Todos nós podemos, à nossa maneira.
– Haha, não é uma seita. É um excelente curso de Inteligência Emocional com aprendizado experiencial. Se você procurar a definição de seita, o Choice é o oposto de todos os marcadores principais. Conheço centenas de pessoas que passaram por lá, e apenas uma pequena minoria não achou a experiência transformadora.
– Essa é a resposta mais ‘seita’ possível. É muito seita, desculpe, eles te pegaram.
– Quais são seus pensamentos sobre aprender poker como iniciante hoje em dia? Você ainda recomenda métodos mais clássicos ou prefere uma abordagem moderna?
– Acho que é uma combinação de aprender e estudar teoria e, depois que você tiver uma boa base, usar métodos mais antigos, como sentir o jogo e seguir o instinto. Os melhores jogadores do mundo entendem a teoria, mas não são escravos dela.
– O que isso significa? O que seriam métodos clássicos?
– Você só olha para um jogador, sente que ele não tem nada e dá call com K-high.
– Como você acha que o poker online vai estar daqui a 5 ou 10 anos?
– Acho que ele vai precisar evoluir e crescer de formas diferentes. Tem muita gente inteligente por aí sempre procurando uma vantagem, então é preciso ser criativo para manter o ecossistema saudável.
– Quanto você tem lucrado ao migrar para discursos com pontos de vista mais à direita?
– Hã? Você acha que sou pago pelos meus posts? Haha! Isso é bem bobo. Honestamente, não existe um único ponto central onde minhas opiniões tenham mudado. O que aconteceu é que os extremos ficaram mais extremos, e isso me deixou politicamente “sem casa”. Não me alinho com nenhum partido, concordo com algumas posições de ambos os lados e não faço “discurso pronto”.
– Você realmente mudou de um liberal “coração sangrando” para um MAGA? Pode nos dar sua opinião política atual e explicar o que fez você apoiar o governo?
– Não. Eu me considero politicamente sem partido e não me alinho com nenhum deles no estado atual.
– Você quebrou meu com no Foxwoods, lá em 1998, num torneio de $530, perto da bolha. Nunca vou te perdoar por isso. 😂
– Desculpa, mas não muito. :-)
– Esse 😂 me lembra 1998.

– O que você acha que precisa de uma mudança imediata na WSOP do ano que vem, em Vegas?
– Idealmente, no futuro, teríamos chess clocks, mas até lá, todo torneio com buy-in de $5k ou mais precisa de shot clocks. Tem muitos angle shooters drenando dinheiro do ecossistema, retardando o jogo sem nenhuma consequência. Pelo menos com um relógio, se eles demorarem demais, pagam o preço usando um dos time banks.
– Quanto dinheiro você ganhou ao longo da carreira?
– Sou realmente péssimo com dinheiro e não faço ideia. O dinheiro nunca foi o que me motivou, e sempre tive uma mentalidade de abundância desde jovem. (Nota do editor: percepção de vida como um espaço de oportunidades, onde há recursos e sucesso suficientes para todos).
– A IA vai tornar o poker online obsoleto? Ou a constante evolução das soluções de IA é uma ameaça para o poker online e para a integridade do jogo em geral?
– É um jogo de gato e rato. A IA será uma arma que os jogadores vão usar para tentar ganhar vantagem, mas as salas também terão acesso a essas ferramentas e poderão identificar isso — espero!
– Quem é a pessoa contra quem você mais gosta de jogar e por quê?
– Tem que ser o Phil Hellmuth, porque é hilário ver ele resmungar quando perde um pote, haha.
– Você acha que ainda há dinheiro significativo a ser ganho jogando poker hoje? Do meu ponto de vista, a margem parece muito pequena, e é compreensível que muitos profissionais estejam migrando para coaching, redes sociais e parcerias. Também ouvimos falar bastante de jogadores talentosos indo à falência. Qual sua visão sobre as oportunidades e riscos atuais para os jogadores profissionais de poker?
– Acho que o que as pessoas esquecem é que, se você for realmente bom, ainda pode ganhar muito dinheiro. O que mudou nos últimos 20 anos é que, antes, você podia ser “apenas OK” e ainda vencer, porque os jogadores ruins eram muito ruins. Hoje, os recreativos são muito melhores do que eram e os melhores jogadores estão ainda melhores. Então, se você for um jogador mediano, pode ser que não consiga se manter.

– Você sente que seu papel como embaixador da cena do poker atrapalha sua capacidade de ser um jogador profissional lucrativo?
– Não sinto, mas é uma pergunta justa. Nunca questionei meu papel na comunidade em equilibrar jogar e promover o jogo da melhor forma que posso. Acho que consegui manter um bom equilíbrio, a ponto de que essas atividades externas não atrapalham muito minha performance nas mesas.
– Como grande fã de mixed games e embaixador do site, você acha que o GGPoker vai lançar Omaha Hi-Lo no futuro?
– Cara, eu espero que sim! Adoraria ver mixed games na plataforma. Acho que vai acontecer.
– Qual é a mão que “vive de graça” na sua cabeça?
– No ano 2000, quando Carlos Mortensen venceu o Main Event, eu era chip leader com 12 jogadores restantes e terminei em 11º depois de ir all-in de vs em um pote enorme. O flop veio e eu não conectei acertei nem o turn nem o river.
– Que conselho você daria para quem quer se tornar profissional? Como você gerencia seu bankroll?
– Não faça o que eu fiz, haha. Falando sério, hoje o poker é mais fácil nesse aspecto porque existem muitas opções para reduzir os limites se o bankroll sofrer um baque. Quando comecei, existia só um jogo, sem alternativa para jogar menor… então fui à falência muitas e muitas vezes!
– Como o casamento afetou seu jogo?
– É maravilhoso ter um sistema de apoio onde, não importa se meu dia foi bom ou ruim, chego em casa e sinto que ganhei na loteria só por ela estar me esperando.

– Um dos meus clipes favoritos de poker é você dizendo ao Phil Hellmuth que ele não é melhor do que o Phil Ivey em nada. Você ainda mantém essa afirmação? Até que ponto é justo dar crédito ao Hellmuth pela sua habilidade no poker?
– Não consigo pensar em nada. Literalmente, não há nada em que o Hellmuth seja melhor, seja basquete, poker ou qualquer outro jogo que você imaginar! Não existe um jogo no qual eu apostaria no Hellmuth contra o Ivey… e você apostaria?
– Se os dois tivessem que escrever um livro infantil em algumas horas, o Hellmuth provavelmente ganharia. Fora isso… não.
– Qual é o seu sanduíche favorito?
– Uma versão vegana de um Reuben, com chucrute, molho thousand island, “carne” de milho falsa, provolone, no pão de centeio judaico.
– Quando você tinha um bankroll de $40k e emprestou $20k para o Phil Ivey, quanto tempo ele levou para transformar esses $20k em sete dígitos? Isso era comum entre os profissionais naquela época, ir do nada para sete dígitos e de volta ao nada?
– Bem, ele nunca chegou a ter sete dígitos e perder tudo, haha. Mas ele trabalhou duro e me pagou de volta em cerca de um mês, pois ganhou algo como $200k no Commerce jogando Stud todos os dias.
– Como você se aproveitou dessas oportunidades no começo, acha justo dizer que ainda estaria quebrando e recuperando em 2025 se o poker não tivesse se tornado tão popular e “comercial”, o que levou a conseguir (e ainda manter) contratos de patrocínio tão lucrativos?
– Sobre estar quebrado, definitivamente não. Em 2002 eu já estava jogando super high stakes, limites de $4.000/$8.000, e tinha vários milhões de dólares de bankroll.
– Vejo muitos jogadores com números milionários no Hendon Mob. Mas claro, esses números não incluem os buy-ins. Qual porcentagem você acha que realmente tem lucro em torneios e qual seria, em média, o percentual real de lucro desses jogadores que “ganham muito”?
– Depende do nível de buy-in. Imagino que seja muito mais fácil ser lucrativo em low stakes, mas, ao mesmo tempo, low stakes atraem muito mais jogadores perdedores do que os high stakes.
Nos high stakes, digamos um torneio de $25k com 100 jogadores, provavelmente uns 65 são perdedores no longo prazo e uns 35 ganham. E olha que isso pode estar alto demais, porque alguns profissionais que seriam vencedores em torneios menores acabam sendo perdedores nos eventos mais caros.
Talvez seja mais perto de 50/50, ou até menos.
– Qual sua opinião sobre torneios de mystery bounty? Se você joga, tem alguma dica?
– Eles são extremamente populares e meio que dão a todos a chance de um grande prêmio, mesmo para jogadores que não são tão bons. Acho que a estratégia correta nesses torneios é realmente ir para cima, tentar construir um grande stack e buscar o máximo de bounties possível, até mesmo com mãos bem ruins.
– Na sua opinião, quem é o jogador mais forte de torneios?
– Eu sabia que essa pergunta viria, mas é impossível responder. Mesmo que eu pudesse dar um nome, não daria, porque isso daria a esse jogador uma vantagem psicológica quando estivermos na mesma mesa.
– Por que você não dá $10k ou $20k para a Amanda e manda ela para o Hustler fazer uma stream, só por diversão?
– Haha, acredite, ela não aceitaria.
– A idade é uma vantagem ou desvantagem no poker?
– Boa pergunta!
Prós: sabedoria e, geralmente, mais segurança financeira.
Contras: os jovens que estão chegando têm muita fome de aprendizado, absorvem tudo como uma esponja. Muitos dos veteranos são teimosos demais para aprender as novas tendências e acabam ficando complacentes.
– Quanto dinheiro você tem?
– Não faço ideia.
– Sua escolha de profissão afetou seus relacionamentos com amigos e família?
– Quando mergulhei no poker, minha vida social passou a ser basicamente com outros jogadores, então não vivi uma vida “normal”, indo para a faculdade, etc. Minha mãe era cética no começo, mas acabou aceitando quando comecei a ter sucesso e mostrei que poderia fazer isso dar certo. Meu pai, ele sempre soube que eu ficaria bem.
– Qual habilidade de poker você gostaria de colocar na mente de todas as pessoas que não jogam?
– A prontidão para sempre assumir a responsabilidade pelo resultado. Não dá para influenciar a sorte, mas você pode controlar o processo e como reage aos acontecimentos da vida.
A forma como você reage a algo ruim determina suas chances de sucesso.
– Pânico na Escola (2008) foi um filme bem divertido em que você fez uma participação especial. Vi nos créditos finais que você também foi produtor. O que te levou a se envolver? Você conhecia alguém do projeto antes?
– Na verdade, faço uma participação em todos os filmes do Joseph Kahn! O mais recente foi em um filme chamado Ick.
Ele é um famoso diretor de videoclipes e o conheci durante a gravação de uma campanha de poker. Ficamos amigos e acabei investindo nos filmes dele. Também apareci em Bodied, um filme sobre battle rap.
Ah, e ele também me colocou no clipe da Katy Perry, Waking Up in Vegas. Se assistir, vai me ver jogando poker contra ela, haha.
– Você sempre foi assim “cringe”?
– Sempre, desde pequeno. Sua mãe, pelo visto, gostava de mim.
– Como alguém como Men “The Master” pode ser pego em vídeo puxando as fichas de volta após perder um all-in e ainda assim ser autorizado a jogar a WSOP?
– Você teria que provar a intenção.
– Na sua opinião, os braceletes online e ao vivo têm valores diferentes?
– Oficialmente, são iguais, mas os jogadores naturalmente consideram alguns braceletes mais significativos. Um dos mais prestigiados é o do Players Championship, que eu ganhei no ano passado.

– Como você acha que o poker estará daqui a 50 anos? Morto? Somente ao vivo?
– Acho que o poker vive para sempre.
– Dnegs, por que você não joga mais cash games?
– Porque eles não dão troféus, só dinheiro — e eu já tenho dinheiro.
– Quais são suas melhores recomendações de livros? Para fundamentos/conhecimento de GTO, jogo exploratório, mental game e entretenimento?
– Acho que Modern Poker Theory é um bom livro para explicar como o GTO realmente funciona.
– Se tirassem sua imagem e seus milhões, você conseguiria começar do zero no poker hoje em dia?
– Sim, com certeza. Às vezes penso como isso seria divertido e nostálgico, mas aí lembro que construí uma vida ótima e não quero viver em um motel de novo, haha.
– Qual você gostaria que fosse o seu legado? O que quer que as pessoas digam sobre você, Daniel?
– Eu me importava muito mais com isso nos meus 20 e poucos anos, mas posso dizer honestamente que, aos 50, com a esposa dos sonhos e a vida dos sonhos, não me preocupo tanto mais.
A palavra que vem à mente é autenticidade. Eu sou eu, sempre, aceite ou não. Algumas pessoas não gostam de mim, e provavelmente essas não são exatamente o tipo de pessoa com quem eu gostaria de conviver também.
Não existe uma pessoa neste mundo, que eu conheça, que não goste de mim e que eu pense: “Poxa, eu gosto muito dessa pessoa, queria que fôssemos amigos.”
– Teve algum momento na carreira em que você sentiu que estava completamente superado na mesa? Como lidou com isso?
– Muitas vezes, quando era mais jovem. A mais notável foi no US Poker Championship de 1999, minha primeira vez na ESPN, jogando o heads-up contra o John Bonetti.
Eu dei check-raise no flop com uma overcard e um flush draw, e ele foi all-in. Era uma situação equilibrada: se eu achasse que era muito melhor do que ele, A) eu não teria dado check-raise, e B) se tivesse, desistiria para o jam.
Como senti que ele estava me superando, arrisquei para tentar ganhar o torneio. Ele tinha no board , e eu tinha .
Turn:
River: !!! Talvez seja verdade o que dizem sobre pegar mais cartas quando você é jovem :-)
– Se pudesse jogar um heads-up privado contra qualquer figura histórica (jogador de poker ou não), quem seria, por quê e qual seria sua estratégia contra ele?
– Bob Marley, com certeza! Provavelmente ficaria high só de estar perto dele e daríamos muitas risadas. Não me importaria de ganhar ou perder, só aproveitaria a companhia.
– Qual é a maior diferença de mentalidade entre um bom jogador e um jogador verdadeiramente de elite?
– Adaptabilidade. Saber como se ajustar e mudar de marcha dependendo dos pontos fortes e fracos dos seus oponentes.
O GTO se concentra em não ser explorável, mas os jogadores de elite procuram explorar seus oponentes — não jogando GTO o tempo todo, mas se desviando da estratégia equilibrada para tirar vantagem das suas fraquezas.
– Sou um jogador recreativo, jogo low stakes com amigos, geralmente tomando umas cervejas. Qual é a principal coisa em que devo me concentrar para melhorar meu jogo?
– Tente descobrir quem são seus oponentes. Crie um perfil para cada jogador. Por exemplo:
- Bob nunca blefa, então quando ele aposta alto, ele tem a mão.
- Mary finge que é tímida, mas, na verdade, é agressiva e blefa bastante.
- Quando John aposta pote, ele tem uma mão forte. Mas quando blefa, geralmente aposta meio pote.