Vencedor da Leaderboard do SCOOP 2025: Cravando MTTs deitado na cama com um notebook

Pela manhã – mar. À tarde – poker. À noite – mar e poker, mas tudo depende do humor.

Esse é o estilo de vida de Vitaly, que escreve no fórum internacional do GipsyTeam sob o nick Smorchokkonichesky. Conversamos com o top-1 da leaderboard da principal série de primavera do PokerStars sobre a rivalidade com lendas do online, estratégia, motivação e viagens pelos Bálcãs e Ásia Central.

– Oi! Vou começar com uma citação sua de maio de 2022: “8 dias de SCOOPs, 8 dias no vermelho. Ainda tenho esperanças de pontuar na leaderboard média.” Há quantos anos você joga as séries do PokerStars com foco nas leaderboards?

– Acontece que foi em 2022 que tentei pela primeira vez.

– Antes disso, era aquela vida “entediante” de jogador de MTT?

– Antes disso, eu quase não jogava nada além de Hold’em, muito raramente e totalmente como amador. Depois comecei a assistir a streamers, principalmente um chamado Zapahzamazki, que estava puxando as leaderboards do SCOOP. Me envolvi com aquele clima olímpico, com o espírito competitivo, e comecei a experimentar outras modalidades.

– Você joga torneios em modalidades que não são sua especialidade com resultado positivo?

– Agora sim, jogo alguns fora das séries. Por exemplo, o Octopus de $55 à noite (nota da redação: o torneio diário mais caro de 8-game do PokerStars). Mantenho meu ROI em 50–60%, apesar de fazer muitos reentradas, mesmo sendo um progressive knockout.

– Dá para viver dessas modalidades?

– Provavelmente. Fora das séries, tiro entre $1.000 e $1.500 por mês nesses torneios. Além disso, consigo lucrar um pouco nos cash games.

– Ainda tem action em cash games de mixed no PokerStars?

– Aparece de vez em quando. $2/4 é regular, algo mais caro como $10/20 ou $20/40 é mais raro. E ali é reg-war, claro. Muitas vezes é preciso jogar heads-up ou 3-max.

– A Phenom Poker tentou reviver o interesse pelas mixed games em 2025. Você joga lá?

– Ainda não tentei (nota da redação: enquanto o material era preparado para publicação, Vitaly começou a disputar leaderboards no novo site voltado para jogadores de mixed). Tenho vontade, mas nunca chego a abrir. Vejo que alguns jogadores conhecidos estão promovendo ativamente, mas salas novas são psicologicamente difíceis para mim.

4.6

O Phenom Poker, com seu inovador sistema baseado no token PHNM, está tentando revolucionar o poker online como uma plataforma voltada para jogadores que buscam uma experiência moderna de poker com criptomoedas. Utilizando a tecnologia blockchain, o Phenom Poker oferece uma experiência única, com maior transparência, taxas mais baixas e a possibilidade de recompensas significativas em rakeback. Projetado tanto para profissionais experientes quanto para iniciantes, o site reúne uma grande variedade de formatos de poker, incluindo Texas Hold’em, Omaha e jogos de Limit, disponíveis em vários dispositivos.

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– Isso fica evidente. 99% dos seus prints no diário são do PokerStars. Você joga só no PokerStars?

– Na época, jogava no Pokerdom (sala de poker popular na Rússia), porque o PokerStars saiu de Montenegro. Depois me mudei para a Bósnia, mas o suporte demorou para mudar meu endereço. Estava chato jogar sem mesas ativas, então entrei de cabeça nas séries. Consegui cravar tanto a leaderboard geral quanto a de knockouts.

– Então a única forma de fazer você jogar fora do Stars é literalmente te impedir de acessá-lo?

– Sim. Apesar de ainda jogar no Pokerdom de vez em quando — às vezes rodo uns spins de pineapple por meia hora antes de dormir. Sei que eles adicionaram torneios grandes, como os que o avr0ra joga, mas essa sala é muito desconfortável para mim.

4.6

Consolidado como o mais famoso site de poker do mundo, o Pokerstars reúne jogadores do Brasil e de outras nacionalidades para disputar jogos a dinheiro real de Texas Hold’em, Omaha, Stud, H.O.R.S.E., entre as mais variadas modalidades de poker possível.

Visão geral do PokerStars Cadastro

– É por causa do software?

– Sim, e é o mesmo com outras salas. O time bank sempre acaba. Uma vez joguei o Main do Pokerdom: as mãos foram foldadas automaticamente, e eu nem percebi que estava em sit out.

– Você escreveu que nunca jogou uma única mão por dinheiro real nas salas da GG Network. Isso ainda é verdade?

– Sim.

– Há outros motivos além do software ser estranho para você?

– Eu não gosto do que eles estão fazendo com o poker, ou seja, transformando-o em um jogo de cassino. Estruturas horríveis, condições péssimas para os regulares. Até o Ivan Bryksin (executivo da PokerOK), acho que nem esconde o fato de que o objetivo final é que todos joguem com uma expectativa muito baixa e que se torne apenas entretenimento. Que ninguém consiga ganhar dinheiro no longo prazo.

Acho que poker é um jogo de habilidade. E o PokerStars, na minha opinião, está desenvolvendo isso ao máximo com suas séries. O que a GG está fazendo, ao contrário, é matar o jogo. Eu simplesmente não quero jogar lá por princípio.

– Então você recusa lucro potencial por princípio?

– Sim. Existem bons torneios lá, dá para brigar por baús com muitos fãs assistindo. Mas eu não quero apoiar esse tipo de sala.

– Há torneios dentro da série em que você se registra apenas pelos pontos, mesmo sabendo que joga no prejuízo?

– Não diria que os próprios torneios, mas com certeza faço reentradas negativas só pela leaderboard. Por exemplo, um progressive knockout de $1.000 de Hold'em no Stars. Entro com 20 bbs, mesmo sabendo que isso é claramente negativo. Uma reentrada dessas tem um ROI de cerca de -30%. Mas é algo que se faz pensando na expectativa da série como um todo.

É difícil falar das modalidades exóticas. Existem muitos torneios caros de non-Hold’em que acontecem literalmente duas vezes por ano. Ninguém joga volume suficiente nelas, então é difícil avaliar a expectativa de forma objetiva.

– Por "exótico e caro", você quer dizer algo como um Badugi de $2.000?

– Por exemplo. Embora agora não haja mais de $2.000, só de $1.100. E quanto aos Hold'em caros, não sei o quão bom sou, porque o PokerStars está cheio de regulares.

– Qual das modalidades exóticas que a leaderboard “te apresentou” você achou mais interessante e por quê?

– Minha favorita é o 2-7 triple draw. Entre os jogos limit, é o que tem maior variedade de estratégias e possibilidades. Dá pra extrair valor de oponentes passivos, ajustar-se de forma flexível aos regulares. O 2-7 single draw também é legal nesse aspecto, mas é mais um jogo de "acredita ou não", então o gameplay é um pouco menos elegante.

Depois vêm os stud games. No stud high, dá pra se divertir bastante e disputar com intensidade. No high-low stud, por haver mais mãos iniciais jogáveis, formam-se multiways insanos em que é preciso tomar decisões difíceis.

Nessa série, também fui fisgado pelo Badugi pot-limit – pela primeira vez em anos, teve torneio dessa modalidade. Normalmente só rola em micro-limites, então durante a série todo mundo foi aprendendo na marra.

– No começo desse SCOOP vitorioso, você tinha tickets para os torneios high roller de $10.000 e $5.000. Você terminou ITM. Teria jogado por conta própria se não tivesse os tickets?

– Normalmente essa decisão depende do início da série. Dessa vez tudo correu bem e, no fim, até entrei em torneios de $5.000 por conta própria. Mas havia poucos no cronograma: joguei 2 com tickets e 3 com meu próprio dinheiro.

É importante entender que havia leaderboards semanais. E se eu visse chance de brigar por prêmios nelas, provavelmente jogaria por conta os de $5.000. É uma decisão tática baseada na situação.

– Onde você conseguiu esses tickets tão caros?

– Antes da série, teve o Sunday Million Season, com um cronograma leve: 3 a 4 torneios por dia durante 2 meses. Grindei tudo, venci tanto a leaderboard geral quanto a low, e ganhei os tickets como prêmio.

– Deve ter sido ótimo começar a série com dois ITMs “grátis” em torneios caros. Esses resultados afetaram significativamente o desfecho? Dá para dizer que os pontos que você conquistou nesses eventos criaram a vantagem que você manteve até o fim?

– Não, com certeza não. No final, fiquei com uma vantagem de 700 pontos sobre o segundo colocado. Cerca de 100 vieram desses dois torneios. Mesmo olhando a leaderboard high da primeira semana, eu já tinha mais de 100 pontos de frente.

– Como precisa ser o começo da série para que você desista de brigar pela leaderboard?

– Torneios caros batendo forte no bankroll. Mas se o sistema atual com leaderboards semanais se mantiver, vou brigar nelas até o fim. Talvez eu fique menos fanático em reentrar em progressive knockouts caros.

– Se somar todas as leaderboards de MTTs do PokerStars, você está no lucro?

– Sim.

– Graças a esse sucesso mais recente?

– Eu já estava no lucro. Só tive um prejuízo grande na primeira série, em 2022. Mas mesmo lá consegui classificar para o Main de $10.000 e terminei ITM. Por isso fui de -$35.000 para -$15.000. Todas as outras tentativas foram ou um pequeno lucro ou break even. E agora fechei com um lucro bom.

– E durante todo esse tempo, você jogou num notebook usando o touchpad?

– Sim.

– Sempre foi assim ou só nessa série?

– Sempre. Quando comecei, jogava micro limites num PC normal em casa. Depois que passei a morar sozinho, mudei para o notebook.

– E há quantos anos você joga assim?

– Desde 2017.

– Loucura! E sempre com touchpad?

– Tentei usar mouse, mas não me adaptei. Não é confortável.

– Não me diga que é mais confortável no touchpad! Você realmente joga sem misclicks?

– Peguei o jeito. Misclicks acontecem, mas acontecem com quem usa mouse também.

– Você tem um local fixo de trabalho? Mesa, cadeira, um cômodo com cortina blackout?

– Nem lugar fixo eu tenho. Ou jogo na cama, ou vou para a cozinha. Às vezes fico na varanda.

– Quantas horas duram as sessões nesse modo?

– Varia. Às vezes fico preso em MTTs por 15 horas, começando de manhã. Ou vou ao mar e abro umas mesas enquanto assisto série ou YouTube.

– Parece aquele cronograma ultra livre com que muitos iniciantes sonham. Quantos anos você tem?

– 26.

– Já sente que esse estilo está afetando sua saúde?

– Não, me sinto bem.

– E não sente nenhum desconforto?

– Eu simplesmente não preciso de conforto. Me jogo no jogo e pronto. Lembro do meu avô dizendo que "para o dançarino ruim, o sapato aperta". Uma frase que cai bem.

A qualidade do jogo não depende disso. Depende da sua paixão e imersão no processo.

– Então, quem precisa de uma boa cadeira para melhorar o ROI e o volume é só um reclamão que não está focado de verdade?

– Na minha visão, sim.

– O que poderia te motivar a montar um espaço de trabalho tradicional?

– Sinceramente, é difícil imaginar isso acontecendo.

– Queria perguntar se você se prepara especificamente para os jogos, mas suspeito que a resposta aqui também seja um simples “não”. É isso mesmo? Você só senta e joga normalmente?

– Algo assim. Coloco um despertador para não perder o início dos torneios, mas quase sempre acordo cedo sozinho.

– E quanto à alimentação, atividade física, rotina diária?

– Nada especial. Se tenho tempo, tento caminhar até o mar e nadar um pouco.

– Então, você alcançou seu objetivo – venceu a leaderboard do SCOOP. Quais são seus próximos objetivos?

– No mínimo, ainda quero buscar títulos no WCOOP.

– Parece que essas conquistas são do mesmo nível. Não tem vontade de mirar mais alto?

– Discordo. O WCOOP é diferente do SCOOP, é mais difícil. Tem torneios caros que não são realizados na primavera. Por exemplo, o campeonato mundial de 8-Game, de Razz, de 2-7 Triple Draw. Eles são mais caros e, em termos de disputa por leaderboard, valem mais pontos.

– A próxima tentativa vai ser neste outono?

– Claro, vou jogar e tentar me manter no topo.

– Você tem alguns rivais constantes na disputa pelas leaderboards, como o Fal1st. O espírito de rivalidade aparece durante a série?

– Com certeza. De todos os grinders de leaderboard, considero ele o mais perigoso – joga com foco, reentra até derreter. Dá pra ver que ele ajusta a estratégia pensando na classificação.

– Quem de vocês tem mais chance de levar o top 1 no WCOOP 2025?

– Depende de como começarem os primeiros torneios. Acho que sou mais forte no Hold’em, ele é melhor no Omaha, e no Limit é um empate brigado. É assim que vejo. Mas se me perguntar quem se adapta melhor à situação da leaderboard, aí já não sei responder. Tudo depende do momento.

– Durante os deep runs, você pensa nos pontos que cada colocação dá?

– É necessário. Precisa considerar os saltos de pontuação. Todo mundo tem, digamos, uma bolha de premiação no torneio, e eu tenho cinco ou seis.

– Isso acontece com frequência?

– Normalmente em fields maiores. Nos High, o field é pequeno. Se entra no ITM, já é perto das duas mesas finais e os pontos são muitos. Já nos fields grandes, a diferença de pontuação aparece antes. E pode acontecer de haver vários “saltos de pontos” ainda dentro do ITM.

– Você precisa abrir mão de buscar o título por causa disso?

– Com frequência. Às vezes, num torneio Low de $5,5, já foldei para um shove. Obviamente, num torneio de $530, na mesma situação, eu daria call.

– Qual a diferença?

– A proporção entre buy-in e pontos. O torneio de $5,5 dá mais pontos para a leaderboard por ter mais participantes. Os pontos ali são mais “valiosos” do que num torneio de $530. Além disso, no $530, com um stack grande, você tem mais chance de chegar na FT.

– Se acabar dividindo mesa final com Fal1st, isso muda sua estratégia?

– Já aconteceu. Não mudou muito, porque não tem grande diferença nos pontos recebidos, a expectativa é parecida. Você nem olha tanto para a leaderboard na mesa final, porque os prêmios já são relevantes. A exceção seria se a pontuação da série estivesse muito próxima no fim da disputa.

– Teve exatamente esse cenário numa das leaderboards semanais: você e o Lena900 com 480 pontos. Se vocês dois tivessem chegado à FT de um dos últimos torneios com stacks iguais, isso afetaria sua estratégia? Jogaria mais agressivo ou esperaria uma eliminação?

– O exemplo com ele em específico não se aplica, porque ele é da Suécia, e a licença local do PokerStars não permite receber prêmios da leaderboard. Então eu ganharia a premiação de primeiro lugar de qualquer jeito.

Mas eu tenho interesse esportivo em conquistar o topo. Então acho que tentaria aguentar por princípio, só pra vencer a leaderboard.

– Um dia antes da nossa conversa, você escreveu no blog que avançou para o Dia 2 de uma série ao vivo na Albânia. O primeiro lugar vale €1.000.000. Qual seu maior ITM no live até agora?

– Tenho zero ITMs no poker ao vivo. Joguei literalmente três vezes na vida. Não gosto de live, tudo é muito lento. E o ambiente de cassino me estressa, os viciados em jogo batendo na mesa com os olhos brilhando, tiltados. No online você não vê esse lado do jogo. Ver isso ao vivo é muito cansativo.

Sim, tem alguns amadores simpáticos, que são legais de conversar. Dá pra notar que vieram com boa energia. Mas muitas vezes o pessoal não é muito equilibrado mentalmente.

E minhas costas ficam muito cansadas.

– Comentário inesperado de alguém que joga há 8 anos num notebook sem se estressar.

– Haha, pois é. Não sei por quê, mas é exatamente assim.

– O poker ao vivo costuma ser criticado por causa do cigarro. Os jogadores podem fumar nos cassinos da Albânia?

– Onde eu estou jogando, é proibido na sala de poker, mas permitido na área de caça-níqueis. Às vezes o cheiro chega, mas não é um problema grande.

– Está pensando nas chances de conquistar seu primeiro ITM de um milhão de euros?

– Por motivos de superstição, tento nunca pensar em expectativa ou vitória.

– O que achou do field na Albânia? Não é exatamente um país muito presente no mapa do poker. Deve ter muitos recreativos?

– Estou participando de uma etapa da série italiana La Notte Degli Assi, que roda pela Europa, mas é minha primeira vez na Albânia. Não diria que está lotado por aqui. Joguei um dos Dias 1 no começo da semana, porque estava com desconto no buy-in – €1.000. A partir de quinta o valor sobe para €1.150. Acho que mais gente vai chegar a partir daí. Por enquanto tem pouca gente e quase todos são amadores. Encontrei literalmente uns dois regs – uns poloneses e um ucraniano.

– E o field é fraco mesmo? Como compara com o online? Que ROI você estima?

– Bastante fraco. O nível é mais ou menos como um torneio de $11 no início. Difícil estimar o ROI. Alguns se classificam por satélites online, então esses caras são mais fortes. Provavelmente um ROI acima de 50%.

– Você planeja participar de outras séries ao vivo no futuro?
– Não, é sair demais da minha zona de conforto. Não vou viajar com o único objetivo de grindar uma série. Se conseguir combinar com uma viagem, aí sim. Por exemplo, jogar edições limitadas em alguma série do Stars.

– Algo como um HORSE de $10.000?
– Algo assim. Não tem de $10.000, mas deve ter torneios de $5.000 e $2.000. Eu jogaria algo nesse estilo.

– Não surpreende que você mencione viagens, já que relatos longos e detalhados sobre elas são uma das marcas do seu blog. Podemos esperar mais conteúdos assim?
– Com certeza, espero continuar. Tenho muitas fotos do Tajiquistão, do Pamir. Ainda não pude postar porque perdi o carregador da minha câmera. Mas quando comprar outro, vou subir e postar.

– Ótimo spoiler, um incentivo para se inscrever!
– Sim, vai ser bem interessante, tem fotos bem coloridas de afegãos do Bazar Afegão.

– Por que você viaja pelos Bálcãs e pela Ásia Central em vez de destinos turísticos mais populares?
– Quando criança e adolescente, viajei com meus pais para a Europa "civilizada". É confortável, as fotos ficam bonitas, mas mentalmente há poucas diferenças. Você não tem aquele impacto turístico ao ver como as pessoas vivem, como tem nas vilas nas montanhas do Tajiquistão.

Nos Bálcãs, me interessei muito pela história recente – o colapso da Iugoslávia e as guerras. Li e assisti muito sobre isso. Gosto de países em que o sistema político mudou recentemente. É interessante observar a mudança de estética do mundo antigo para o atual.

O país mais interessante dos Bálcãs para mim é a Bósnia. Lá, essencialmente, três autoridades com visões radicalmente diferentes de futuro precisam coexistir num só estado. É onde há mais monumentos, museus e vestígios das guerras balcânicas. E também a natureza mais bonita, com o maior percentual de florestas. Nunca encontrei tantos cogumelos Lactarius deliciosus quanto nos arredores de Sarajevo!

– E a Albânia?
– A Albânia é interessante porque, essencialmente, mostra como seria a Coreia do Norte 30 anos após uma mudança de regime.

Há muitas coisas únicas por lá. É um dos países muçulmanos mais seculares do mundo. Ao mesmo tempo, é um dos mais pobres e um dos mais seguros da Europa. Tem a maior densidade de bunkers, e um deles fica numa rocha de forma bem atmosférica. Também tem a ferrovia mais lenta da Europa, com trens antigos. Mas, ao mesmo tempo, Tirana se transformou mais do que outras capitais dos Bálcãs depois da mudança de regime.

Enquanto esperava o visto albanês, morei na Ásia Central e também me aprofundei na história da região após o colapso da União Soviética. Quis ver tudo com meus próprios olhos. A ausência de barreira linguística atrai – dá para se comunicar no idioma nativo. Isso permite conversar mais com as gerações mais velhas, coisa que é mais difícil nos Bálcãs, visitar para tomar chá e simplesmente trocar ideias.

– Qual país você achou melhor para viver?
– Depende dos critérios que a pessoa usa: presença do mar, serviços, segurança, clima... Por exemplo, dá para se sentir muito confortável num condomínio no México, se você não sair dele.

Pra mim, a Albânia é ideal – mar, segurança, atmosfera... comida está muito acima na minha pirâmide de Maslow do que qualquer serviço ou infraestrutura.

– E onde você não moraria nem por um milhão de dólares?
– Em países em guerra. Fora isso, se for para morar por um ano, eu topo qualquer lugar. Acho que é uma experiência única.

– Depois de 2022, restaram poucos jogadores russos no PokerStars. Apenas os tops, que puderam se mudar, continuaram jogando com regularidade.
– Eu não diria que só os tops. Muitos regs de limites médios também se mudaram – para Cazaquistão, Uzbequistão, Belarus.

– Qual seria o percentual disso?
– Difícil dizer, até porque o tráfego do PokerStars caiu no geral após 2022. Se a pergunta é sobre a força do field, ele não ficou nem muito mais difícil nem muito mais fácil. A maioria dos que realmente fazem diferença se mudou e manteve o acesso ao Stars.

– Se o PokerStars voltasse à Rússia, o jogo mudaria pouco para você, exceto pelo AFS? Teria mais concorrência nas leaderboards?
– Não acho que mudaria muito. Nas leaderboards, o Zapahzamazki provavelmente seria um oponente forte. Eu até disse que comecei a me interessar por leaderboards por causa dele. E com certeza ele jogaria, se tivesse a oportunidade.