Você conhece aquele reg irritantemente bom, que está sempre ganhando na sua casa de poker local, que parece te atropelar em toda mão, aplica agressão em praticamente todos os potes e, ainda assim, sempre aparece com o jogo quando você finalmente resolve enfrentá-lo. Não há nenhum tipo de magia nisso. Esse jogador está usando uma boa estratégia exploratória contra o field. Mas como a estratégia dele é exploratória, existe uma contra-estratégia — e você pode usá-la. Seu oponente está jogando pedra; eu vou te mostrar como jogar papel e virar o jogo.
Você não só vai aumentar sua winrate aplicando essas cinco dicas, como também vai começar a se sentir o dominante da mesa. Você vai ficar sentado ali explorando, em segredo, o reg que antes explorava você. A vítima vira o agressor.
#1: Pague Quando Seu Range Parece Fraco
A primeira coisa que você pode fazer para mudar completamente a dinâmica contra esse reg irritante é começar a pagar com bluff-catchers em spots onde o seu range parece fraco. Esse tipo de jogador está te atropelando em situações onde você olha para o segundo par, um pocket pair ou um top pair fraco em um board complicado e simplesmente dá fold. Eles sabem que você de forma agressiva demais suas mãos fortes. Sabem que você não pensa em força relativa — só em força absoluta — e que você folda demais quando a sua mão “não é tão boa assim”.
Como você está jogando o jogo de duas cartas do No Limit Hold’em, sua força relativa muitas vezes é muito maior do que a absoluta.
Sua força absoluta será, na maior parte do tempo, um par — às vezes terceiro par ou ssegundo par — mas, relativa ao range deles, esse par pode ser forte, especialmente contra alguém que blefa demais em spots onde seu range parece fraco.
Vamos a um exemplo: Você é o straddle. O reg agressivo abre do lowjack. O cutoff, um recreativo que ajuda a deixar o jogo lucrativo, paga. Você defende o straddle com , uma defesa perfeitamente boa e lucrativa desde que você não estrague o pós-flop.
Três jogadores veem o flop.
O flop vem . Você não tem backdoor flush draw, mas tem second pair.
- Você checka.
- O agressor pré-flop beta 1/3 pot.
- O recreativo folda.
- Você paga.
Você está recebendo cerca de 4:1 com second pair num pote a três, um continue padrão.
O turn é um . Você checka. Seu oponente aumenta o size — algo perto de 75% do pote. Você olha para sua mão, vê a segunda overcard aparecendo no board, e o instinto diz: “Não posso pagar. Só tenho o terceiro par.” Parece um call de fish. Parece o que calling stations fazem quando estão perdendo ou o que aquele recreativo faz depois de muitos Cosmopolitans.
Mas a jogada correta é pagar.
Seu third pair é um bluff-catcher indiferente na teoria, e entender teoria ajuda muito aqui.
Trata-se de compreender o tipo de mão que você tem e o range que seu oponente está representando. Quando você tem uma base teórica, pode comparar o que o solver espera nesse spot com o que esse reg específico realmente faz. É nesse gap que o exploit nasce.
Se você estudou esse tipo de situação de turn — e é por isso que material estruturado ajuda — você sabe que mãos como segundo par ou terceiro par com redraws vivos são jogos de cinco outs. Você tem dois outs para trips e três para dois pares, quase todos limpos. O e o são extremamente vivos.
Se o river é um , seu oponente continua value-bettando overpairs, ace-queen, king-queen e, às vezes, até seus bluffs, porque essa carta não deveria assustá-los. Eles não esperam que você pague o turn com muito .
Se o river é um , é um two pair completamente disfarçado. Você é basicamente um sniper no mato. Eles jamais imaginam que essa carta te melhora. Eles vão value-betar de novo, vão bluffar de novo — e quando você checka, você paga e coleta.
Mesmo quando o river é totalmente blank — tipo um — o reg agressivo ainda ataca por padrão. Você é um straddle caller cheio de mãos de um par fracas. Toda a estratégia deles é construída sobre essa premissa. Eles esperam que você dê fold com essas mãos, então continuam disparando. Todo , , , , suited. E qualquer outro air que eles abriram pré-flop agora é disparado por turn e river.
Seu trabalho é simples: pare de deixá-los fazer isso. Comece a pagar esses spots. Se esse é o player que nunca tira o pé do acelerador, você não precisa de para pagar. Não precisa do devaneio Helmuthiano de flopar dois pares para “trapar”. Você pode simplesmente ser um jogador real com um bluff-catcher real.
Você tem redraw. Você tem odds. Você ganha de todos os blefes. E como eles blefam demais exatamente nesses spots, seu call é lucrativo por muito.
Quando você paga um river de pot, precisa ganhar 1/3 das vezes para breakeven. Muitos desses regs agressivos estão blefando bem mais do que isso nesses nós de range fraco.
#2: Blefe de Maneira Inesperada e Ameaçadora
O segundo método para vencer o reg agressivo é blefar de forma inesperada e de um jeito que crie pressão que eles não gostam de enfrentar. Vamos a outro cenário do straddle.
Dessa vez abre UTG+1, UTG+2 paga, o small blind paga, big blind folda e você completa no straddle. Quatro jogadores veem o flop. Sua mão é . O flop é .
O reg agressivo c-beta meio pote. Um recreativo paga instantaneamente — aquele snap que revela interesse médio.
Essa é sua janela de blefe.
Você aumenta. Com , você tem backdoor flush draw e double gutter — um excelente semi-blefe. Quando você aumenta aqui, você representa sets e, ocasionalmente, traps com 84s. Contra esse raise, o reg agressivo não folda overpair, mas folda , , , e todo o air imediatamente. O recreativo que pagou rápido com par marginal geralmente folda agora.
Quando o reg continua, ele tem overpair ou underpair teimoso.
E quando o turn traz um e você faz par do meio, o spot fica interessante.
Esse board é um pesadelo para overpairs como . Imagine o reg com num pote que tinha 4 pessoas depois de tomar check-raise. Seu range contém sets pequenos, dois pares e até draws para straight. A força absoluta dele desaba.
Quando você dispara pot no turn — ou um overbet pequeno, ou underbet grande — o tamanho exato importa menos que a pressão aplicada. Contra regs observadores, pocket jacks folda aqui. E por mais que pareça improvável em field live cheio de jogadores apegados a overpairs, estes não são esses jogadores. Um reg vencedor e agressivo folda overpair quando a mão vira puro bluff-catcher contra um range que destrói o board.
Em um board como , depois de enfrentar um raise no flop e um barrel forte no turn, os overpairs deles viram lixo — e eles sabem disso. O que eles não sabem é que você sabe disso. Eles assumem que você não é capaz de puxar o gatilho aqui sem valor. Assumem que você não reconhece que os overpairs deles estão em péssima situação. Assumem que você só vai dar raise no flop e disparar no turn com straights, sets e two pair.
E é por isso que seus semi-blefes imprimem. Você nem precisa de uma mão tão forte quanto . Aquilo foi um exemplo generoso. Você pode fazer isso até com um gutshot puro em muitos boards. A chave é a linha: dar raise no flop de uma posição inesperada, apostar grande no turn e contar uma história coerente de valor. Isso pega regs fortes completamente de surpresa.
Um leopardo não muda suas manchas — a menos que esteja sentado na savana assistindo a vídeos do Carrot Corner em uma TV portátil. Essa é a única hora em que ele vira uma cenoura.
#3: Aumente a Força do Seu Range de Check-Back
O terceiro ajuste é reconhecer quando o reg agressivo está atacando fraqueza no seu range. Imagine que você abre do UTG, o big blind paga e o flop vem .
Esse é um dos piores flops para seu range UTG. Eles checkam, você checka. Turn: . Eles betam meio pote. Você paga com. O river vem um , e ele dispara 2/3 do pote.
Você dá folda.
Nada dramático — mas você foi esmagado.
Por quê? Porque seu conhecimento teórico é insuficiente. Você não internalizou que monotone é horrível para seu range, ótimo para o deles. Você deveria proteger seu check-back com mãos fortes — até flushes. Solvers checkam flushes nesse flop em alguma frequência. Checkam sets. Checkam alguns dois pares. Por motivos estruturais: cobertura de board, distribuição de equidade, controle de pote.
Quando você nunca checka mãos fortes aqui, seu range fica frágil. Quando o turn vem nada, o big blind deve liderar agressivamente — blefes, thin value e proteção. Sua linha é desprotegida. Eles abusam. Dão dois barris. E como seu range está capado, você folda tudo, exceto topo — que você nem tem nessa linha.
Para corrigir: comece a inserir mãos fortes no seu check-back especificamente contra jogadores agressivos. Não deixe o spot ser automaticamente fraco no seu range.
Por exemplo, você tem . Flopa nut flush. Eles checkam, você checka. Parece que está perdendo valor — mas não está.
Eles jamais pagarão três barris com um par fraco num board . Checkar disfarça seu range e protege sua linha. Se quiser valor de pares fracos, blefe com e deixe o big blind foldar mais do que deveria.
Quando o board é e você dá check behind com algo como o nut flush, você permite que o reg agressivo entre em modo de ataque máximo. Eles assumem que seu range está capado. Assumem que você deu check back com overcards fracas ou talvez um par marginal. Na cabeça deles, você simplesmente nunca tem flushes ou mãos fortes ali, porque a maioria dos jogadores dá c-bet automaticamente com essas mãos.
Quando você realmente tem o nut flush, apenas faça slow-play no turn e no river. Não aumente. Você não está perdendo muito valor porque as mãos com as quais eles continuariam — top pair fracos, thin value, ou draws fortes — vão dar triple barrel ou bet-call no river de qualquer forma. O objetivo não é extrair valor das mãos médias deles. O objetivo é deixá-los torrar o EV máximo com todos os combos de bluff do range deles.
É assim que você contra-ataca a over-agressão deles: deixe que se enforquem sozinhos. Em muitos boards, dar check back com o nuts é a jogada teórica — e se torna um exploit devastador contra alguém que ataca ranges capped de forma implacável.
#4: Slowplay Quando Seu Range Parece Fraco
Quando o seu range parece forte e o reg agressivo te ataca, folde.
A agressão deles não é distribuída de forma uniforme. Eles aumentam quando o seu range parece fraco e reduzem a marcha completamente quando o seu range parece forte. Então, se você abre no hijack e o flop vem , você dá uma c-bet grande, eles pagam, e o turn é um , o seu range está extremamente forte aqui. Se você tem para top two e aposta grande de novo, você está representando overpairs ou melhor — e quase nenhum blefe.
Quando o reg agressivo agora dá raise em você no turn, esse não é o mesmo jogador que aposta com o segundo par em boards secos.
Esse é um reg atacando um range que ele sabe que é forte. E quando um jogador agressivo aumenta contra um range que sabe ser forte, você deve sair da mão. Digamos que você tenha ; você deve foldar imediatamente. Com , você pode pagar, mas com o plano claro de foldar contra qualquer agressão grande no river. Seu top two vira um bluff-catcher contra uma linha do tipo raise no turn + shove de 2x pot no river. E contra essa linha, top two não é suficiente.
A sacada é: a estratégia deles não é “agressiva em todos os lugares”. É “agressiva onde você é fraco”. Eles não atacam seus spots de lança-foguetes. Eles atacam seus spots de canivete.
Quando você internaliza isso, começa a foldar mãos com as quais antes dava call e para de ser a fazenda de regs. Para de ser o caixa eletrônico da segunda melhora mão. Para de ser a vítima esperando por ou para brigar de volta. Você vira o jogador que entende quando a agressão é credível e quando é pura conversa fiada.
#5: Ataque Mais Quando o Agressivo Ataca Recreativos
Se a baleia da mesa dá limp, o reg agressivo isola do botão, e você tem algo como no small blind ou no straddle, pagar é tranquilo porque você quer jogar potes com a baleia. Dar 3-bet também é ótimo porque você gera fold equity e constrói potes quando tem tanto vantagem técnica quanto alavancagem de posição. Mas o exploit maior acontece no pós-flop, quando a whale dá uma donk-bet pequena contra múltiplos jogadores — algo que eles fazem o tempo todo com mãos fracas e marginais.
Suponha que você dê check, a baleia aposte pequeno, o reg agressivo aumente esse bet minúsculo, e você tenha uma overcard e backdoors.
Esse é um spot elite para atacar. A donk-bet do whale é quase sempre capada e fraco. O raise do reg é frequentemente pura punição, aumentando com o range amplo para isolar a baleia e aplicar pressão. Ambos os ranges estão amplos e capado aqui. Quando você dá 3-bet nessa linha donk-bet → raise, você, cria pressão máxima sobre um reg que entende exatamente o quão fraco o próprio range está. Eles estão aumentando contra a baleia com toneladas de mãos fracas. Eles não esperam que o “terceiro jogador” — você — apareça com um range forte ou um contra-raise agressivo. Por isso a jogada imprime.
A mesma lógica vale pré-flop. Quando o reg abre e a baleia dá cold-call no small blind, e você está no big blind ou straddle, pode dar squeeze mais amplo que o normal. Os ranges deles estão amplos também. Seu squeeze captura dead money tanto da tentativa de isolamento do reg quanto da tendência de call loose da baleia. O EV do reg agressivo vem em grande parte de isolar jogadores ruins e jogar potes inflados contra eles. Você pode parasitar esse EV atacando agressivamente na mesma direção — mas com estrutura mais sólida, melhor seleção de mãos e melhor compreensão conceitual.
E se você entende os spots onde o range do reg agressivo se expandiu para isolar o recreativo com mais frequência, vai perceber que tem mais fold equity do que o normal. Vai poder value-betar mais thin do que o usual. Vai poder ampliar seu range em várias direções — pré-flop, flop, turn e river — porque o range deles está esticado, inflado e cheio de mãos que não resistem à pressão. Quando eles se estendem para explorar o whale, você passa a explorar eles.